A ideologia de gênero deve ser enfrentada com um diálogo construtivo, que ajude as pessoas a encontrarem sua plena realização afetiva e sexual, reconhecendo os direitos de todos.
Tem causado impacto um artigo bastante agressivo onde Drauzio Varella diz que ideologia de gênero não existe e que aqueles que a combatem são repressores, ignorantes e manipulados por demagogos.
No artigo, Varella faz um link à notícia de que um grupo tentou forçar Judith Butler, uma das autoras da “teoria de gênero”, a não dar palestras no Brasil. Um erro não justifica outro, o diabo se diverte quando pessoas boas incitam a violência para opor-se ao mal.
Mas pode-se fazer, sem obscurantismo, uma demonstração crítica e racional da existência da ideologia de gênero – e de seus problemas teóricos e práticos.
Varella levanta uma série de dados científicos sobre indefinições biológicas do sexo. Poderíamos até acrescentar mais dados, envolvendo fatores psicológicos e até sociais que impedem que a pessoa se identifique como homem ou mulher.
Dois problemas de fundo acabam transformando esse debate numa luta infrutífera em vez de um diálogo construtivo:
- Todos reconhecemos a existência de pessoas homossexuais, o erro é a concepção ideológica de que a pessoa pode construir seu próprio gênero sem uma adequada referência a sua biologia. O diálogo construtivo é aquele sobre a melhor forma de ajudar cada um a realizar-se plenamente no campo afetivo-sexual, respeitando sua liberdade e suas características pessoais.
- A existência de grupos extremistas – em ambos os lados – que desejam se afirmar violentamente sobre os que pensam diferente. Criam desnecessariamente um clima de guerra que acaba inviabilizando o diálogo construtivo entre aqueles que querem realmente o bem do outro.