Muitos cristãos têm dúvidas sobre a validade do homeschooling, o ensino domiciliar, no qual as crianças recebem a formação escolar em casa. Em primeiro lugar, é preciso entender que essa é uma questão de opção pedagógica, que envolve questões específicas sobre as quais a doutrina social da Igreja não se posiciona. Contudo, ela pode dar algumas contribuições que orientem a reflexão dos pais sobre o assunto.
Educar os filhos, partindo de seus valores, é uma responsabilidade e um direito das famílias, que deve ser respeitado e garantido pelo Estado (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 238-243). Não pode ser uma tarefa exclusiva da família, pois outras instâncias da sociedade sempre estarão envolvidas na formação dos jovens. É inevitável que isso ocorra e a escola deve ser a primeira parceira dos pais no processo educativo. Quando a família e a escola vêm a faltar, total ou parcialmente, a criança se forma “na rua” ou sob a influência descontrolada das mídias sociais, levando frequentemente a péssimos resultados.
Idealmente, famílias e escola deveriam fazer parte de uma única comunidade educativa, que se apoia mutuamente na tarefa de educar os jovens. Nessa situação ideal, mesmo as diferenças entre pais e professores não se tornam uma objeção, mas sim uma ajuda à formação dos estudantes, que aprendem a conviver e discernir diante da pluralidade de posições da sociedade atual. Contudo, pode acontecer das escolas disponíveis ensinarem ideologias e valores contrários à fé cristã. Nesse caso, “cada família juntamente com outras, possivelmente mediante formas associativas, deve com todas as forças e com sabedoria ajudar os jovens a não se afastarem da fé” (Familiaris Consortio, FC 40).
O homeschooling é uma modalidade válida dos pais buscarem educar os filhos segundo seus valores. Cabe ao Estado, seguindo o princípio da subsidiariedade, garantir as condições para que ele seja praticado. Deve, por exemplo, oferecer exames periódicos para que os jovens possam receber os graus equivalentes aos do ensino escolar formal. Como a sociabilização é uma dimensão indispensável ao desenvolvimento da criança, é preferível que os pais se reúnam para que seus filhos possam interagir com outras crianças e outros adultos ao longo de sua formação, mesmo estudando em casa. Além disso, é importante considerar que o ensino domiciliar é uma iniciativa extrema e que muitas outras opções podem ser praticadas para garantir que os filhos compartilhem os valores da família, mesmo num contexto majoritariamente contrário a esses valores.
Em síntese, na educação dos filhos, deve prevalecer a responsabilidade e a liberdade da família e dos próprios jovens.
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